DEBRIEFING
DEBRIEFING
A cada vez me surpreendo que o conteúdo da lição apresentada no Seminário não se aplique às modalidades da própria apresentação.
Exemplo trivial: "Só há sujeito da fala", diz a lição. Ora, a apresentação exata, até mesmo brilhante, é um escrito lido com aplicação. Qual é o sujeito do escrito, e será que existe um? De onde se escreve o que se escreve? Qual é o autor? perguntava Foucault.
Será que o escrito tem a ver com a verdade, tormento da palavra, e se sim, como? Tenho vergonha de lembrar um b a ba, que me deixa abobado (baba), e enquanto nos reunimos em torno dos textos falados e sobre a primeira edição dos quais Lacan escreverá: "esses textos não são para ser lidos". São para ser o que, então?
Escutados, é claro, exceto que o escrito, manifestamente, deixa surdo. A quê? à vacuidade da palavra que a materialidade da letra e, portanto, um suposto sentido pode vir a suprimir. Todos nós sabemos o que estou lembrando, e como podemos celebrar um saber com a condição de que ele não se aplique?
É obviamente típico do neurótico, moderno além disso. Comemoramos antes de voltar, em paz, aos nossos pequenos afazeres. Eu amo papai, com a condição de que ele seja impotente.
Será esta a mensagem dos nossos Seminários? Obviamente, isso se faz à custa do tédio, condição obrigatória de qualquer homenagem. Ter algum prazer nisso seria contrário à festa da impotência. Claro, ela se torna também a minha, salvo que ela pode usar coisas para ser superada: álcool, drogas, jogos, gozo de órgãos e não mais do corpo, etc.
A inocência aparente dos nossos Seminários poderia ao menos ser instrutiva e é por isso que os parabéns aos que contribuíram não é sem incluir o voto de que eles façam parte do clube dos que sabem não mais ficar siderados pelo amor ao texto, como se amaria uma Dama.