Exílio
Exílio[1]
Como o nome de seu estatuto o indica, o imigrante outrora foi um homem.
No país de acolhimento ele se encontra – exceto se este aceita o comunitarismo – Outro ou estrangeiro.
A título de Outro, ei-lo feminizado, a pior traição que se pode encontrar contra seu pai; estrangeiro, é a história ou a moda vigente no país de acolhimento que fazem dele um interlocutor aceitável ou um pária.
Assim, na minha infância, polacos, italianos, espanhóis e argelinos eram ali reputados comer o pão dos franceses. Os judeus, eles, não tinha gosto senão por seu sangue. Esses nutrientes serviram de fato para alimentar os bons meninos que ontem ou hoje têm cantado a Marselhesa nos campos de batalha ou nos campos de futebol.
Agora restam os árabes. Não nos enganemos, o maior número contribuirá com o gênio Frances, acrescentando-se aí uma inteligência a mais. Mas há dentre eles quem se encontre frustrado quando o país de acolhimento cessa de propor um ideal, apagado em nome de uma construção europeia abstrata.
A Europa permanece um corpo mal limitado – qual cidadão a representa? – e sem alma – apagou-se até nas cédulas bancárias a efígie de seus grandes homens – enquanto que precisa ao menos de uma forma habitada por um espírito para fazer um cidadão.
Dessa maneira tem alguns cuja carência – que duplica aquela da origem – os torna raivosos.
Eles têm direito ao erro já que os servidores da laicidade são incapazes – por falta de se referir a Freud – de ensinar-lhes o que seria uma justa relação ao pai.
Ch. Melman - 28 de novembro de
Tradução : Leticia Patriota
[1] No original Ex-il , que faz um jogo de palavras entre exil, exílio, e ex-il : ex-ele.