A morte de Antônio Carlos Rocha marca o desfecho de uma trajetória que se revelou trágica. Sua determinação em não ceder com relação ao que ele supunha que era o próprio da ética da psicanálise, acompanhada pela decisão obstinada de pôr tudo a perder, não obstante as consequências penosas que resultassem disso, convergiu para um processo de constituição da instituição que se fez de cortes e rupturas, mas que ainda assim passou a ser referência importante na cena institucional do Rio de Janeiro. Nos limites desse movimento, sua mestria impôs sempre pontos de crise. Mas no real do corte acionado entre sua palavra, seu ensino e o encontro com a dimensão institucional, o tensionamento acabou por produzir, não a mera dissolução, mas algo que opera ainda hoje como causa para muitos. No registro dessa perda, e de acordo com sua própria transferência, vicejou, com insistência, e para além de qualquer intencionalidade, uma modalidade de trabalho voltada para a transmissão da psicanálise no contexto brasileiro, em seus problemas e seus móveis, tendo como horizonte o endereçamento a ALI.

Nossas condolências à família, bem como a todos aqueles que trabalharam com Antonio Carlos.

Tempo Freudiano Associação Psicanalítica – Rio de Janeiro