No tempo dos algoritmos: Amor e sexualidade
07 mai 2025

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Maria RONEIDE CARDOSO
Cartel franco-brésilien de psychanalyse

 

            Nosso ciclo de conferências identificou alguns alívios, suplências, mas também novos impasses enfrentados pelos sujeitos da nossa época: Ana Costa fala de um certo apagamento da memória simbólica, do traço unário cuja função é a contagem no inconsciente, e da busca por marcações no corpo através das tatuagens. Angela Jesuíno mostra as novas relações com o corpo na dança, cuja imagem é transformada e tecida por uma colagem, um patchwork, de experiências de memórias singulares e coletivas, como no Voguing e nas encenações do coreógrafo Trajal Harrel. Da mesma forma, as coreografias de Alexandre Roccoli mostram como as experiências do corpo podem reviver e reinterpretar gestos esquecidos da memória coletiva e suas alterações.

 

            Da minha parte, proponho hoje outros elementos de reflexão sobre a sexualidade e o amor via os aplicativos e redes sociais:

  1. Impactados pelos algoritmos das plataformas digitais, estaríamos diante do surgimento de um novo objeto a, o número? Ou seriam apenas lathouses, tão viciantes quanto consumíveis, que parasitam o sujeito alienado a um programa, impulsionado pelos cálculos matemáticos do armazenamento infinito de informações online?
  2. Essa alienação a um programa digital é do mesmo tipo que a produzida pelas montagens sexuais, em detrimento do fantasma fundamental do sujeito? Em outras palavras, qual diferença estabelecer entre programa digital, montagens sexuais e fantasta inconsciente? Essa nova forma de gozo e/ou esse novo sintoma parecem estar a serviço da evitação da relação sexual entre parceiros, por meio de uma busca contínua por um e-objeto “desmaterializado” pelo número, que possa finalmente nos libertar dos limites impostos pelo corpo.

 

            Há três décadas, assistimos à multiplicação sem precedentes das redes sociais após o surgimento da internet nos Estados Unidos, nos anos 1990. O aumento das informações disponíveis online e a autonomização de suas capacidades por meio dos cálculos digitais já anunciam a substituição das redes pela inteligência artificial generativa[1]. Nesse novo cenário, como ficam os novos encontros amorosos e íntimos entre parceiros?  Teriam sido transformados profundamente pelo digital? Em seu livro O mito da singularidade. Devemos temer a inteligência artificial?, Jean Gabriel Ganascia escreve: “o futuro raramente obedece às previsões. O progresso é convulsivo. Não existe determinismo tecnológico. Sempre há homens (e mulheres) e são eles que inventam”[2], e não as máquinas, eu acrescentaria.

 

            Desde o início, os serviços comerciais voltados a novas modalidades de encontros amorosos mudaram e migraram de suporte.[3] Primeiro, os “classificados” surgem na imprensa escrita nos anos 1880, mas permanecem marginais; depois, as “agências matrimoniais”, voltadas para um público mais abastado, ganham as páginas dos jornais e dão origem a uma “corretagem matrimonial” publicitária sem precedentes; eles geram críticas e desaprovação moral de um público que defende encontros mais tradicionais. Cem anos depois, nos anos 1980, na França, o Minitel, destinado a modernizar as telecomunicações, oferece diversos serviços eletrônicos (compras e reservas online, informações ao vivo, etc.) e impacta o panorama relacional com as “mensagens interativas”, logo desviadas para as mensagens de conteúdo sexual do Minitel rose. A chegada da internet acaba por generalizar, nos anos 2000, as plataformas de encontros online, não sem resistência de parte do público que defende os encontros tradicionalmente presenciais.

 

            No livro As novas leis do amor, a socióloga Marie Bergström mostra a mudança social provocada pelo que ela chama de “privatização do encontro”, movimento histórico que os sites e aplicativos representam. Sua originalidade reside, de um lado, na privatização econômica, no sentido da expansão do mercado com o surgimento de plataformas privadas que invadem as esferas do íntimo; e, de outro, na privatização social do encontro, com a mudança dos locais para a internet, e não mais nos espaços tradicionais de convivência, como escolas, locais de trabalho, festas, cafés e outros espaços públicos.[4]

 

            A propósito, com as plataformas digitais, a prostituição, tão antiga quanto o mundo, também se torna uma questão privada, privatizada, tendo como modelo as startups modernas. Longe das redes de exploração sexual, da cafetinagem, e do tráfico de jovens imigrantes, ou dos perigos enfrentados pelas prostitutas nas ruas ou bordéis, as/os Trabalhadoras/es do Sexo (TDS ou TTDS, como são chamadas/os hoje) também migraram e agora estão por trás das telas, oferecendo seus serviços e prestações sexuais online.

 

            Gostaria de lhes falar particularmente de uma teletrabalhadora do sexo que recentemente gerou muita repercussão nas redes sociais e na imprensa: chama-se Lily Phillips, uma bela loira inglesa de 23 anos, com mais de 36.000 assinantes pagantes na plataforma britânica de sexo online OnlyFans, criada em 2016. Seu faturamento gira em torno de 2,5 milhões de dólares. Ela conta com uma equipe de 9 jovens empreendedores que coordenam seus negócios. Uma curiosa mistura de star das redes sociais e startup, elas são chamadas de “criadoras de conteúdo” online. Lily não é uma exceção, exceto pelos seus golpes midiáticos e pelos seus milhões na conta bancária. Até aí, nada surpreendente: a prostituição se adapta ao mercado, e a oferta cria novas demandas de sexo online.

 

            O que, no entanto, chamou minha atenção foi o “programa” que Lily Phillips lançou em dezembro de 2024. Ela propôs-se a fazer sexo com 100 assinantes em um único dia. Em uma casa luxuosa, alugada pelo Airbnb em um bairro chique de Londres, a proeza foi documentada por Joshua Pieters, um youtuber conhecido, em um vídeo onde ela relata suas aventuras, que já contava com mais de 10 milhões de visualizações em fevereiro de 2025.

 

            Nessa “montagem” ou “programa” — voltarei à diferença entre os dois termos — trata-se de uma relação dita “sexual” que dura de 3 a 4 minutos. Sob pressão do algoritmo e conectada ao relógio, Lily Phillips e seus 100 assinantes participam dessa jogada midiática, entregando-se ao cálculo digital. Em uma entrevista, ela se queixa, após sua jornada cansativa, do pouco tempo e atenção dispensados a esses homens vindos de diversos lugares; mas nada a impede, uma semana depois, de reativar a máquina e propor um novo “programa”: dessa vez, fazer sexo com 1000 assinantes em um único dia. Porém, ela foi superada por sua concorrente na plataforma OnlyFans, Bonnie Blue, que afirma ter quebrado o recorde ao transar com 1057 assinantes em doze horas, ou seja, uma relação dita “sexual” que duraria, se tivesse existido, de 30 a 45 segundos.[5] O algoritmo dispara de vez.

 

            Nem todos os TTDS se tornam “star” do sexo ou ganham milhões com suas jogadas midiáticas. Aliás, Libération e Le Monde publicaram recentemente artigos sobre um novo tipo de cafetinagem online por meio do OnlyFans gerenciador: são jovens que criam agências fictícias sediadas em Dubai, oferecendo serviços de marketing para os TTDS. Esses veículos denunciam a misoginia em rede, a fraude e o assédio às teletrabalhadoras do sexo. E la nave va… no virtual.

 

            Coincidência ou não, na França, em dezembro de 2024, a justiça condenou 50 homens e um ex-marido, Dominique Pelicot, que abusaram de Gisèle Pelicot, drogada quimicamente por ele e estuprada mais de cem vezes pelos demais. O recrutamento dos 50 homens foi feito via um aplicativo digital. No julgamento em Mazan, a questão do não consentimento de Gisèle Pelicot está no centro do debate; enquanto no país vizinho, Lily e seus assinantes mostram o avesso da cena: é justamente o consentimento que está no centro de uma montagem que transforma cada participante em instrumento de um programa, realizando o gozo lucrativo do número e do dinheiro.

 

            Sempre ficamos embaraçados com a questão do consentimento quando se trata de consentir em ir rumo ao pior, a um gozo considerado desenfreado, com contornos mortíferos, onde o sujeito não se dispõe a se tornar objeto, o que acontece com todos no fantasma, mas instrumento, numa “servidão (bem) voluntária” a uma montagem sexual ou a um programa digital.

 

            Contardo Calligaris, em seu livro póstumo O grupo e o mal: estudo sobre a perversão social,[6] publicado no Brasil em 2022, defende a hipótese de que a perversão é uma patologia social e que sua paixão é a da instrumentalidade. Sua ideia é de que a perversão nunca é um assunto individual, que o sujeito não age sozinho, mas em rede; ele se interessou pela “banalidade do mal” da qual falava Hannah Arendt a respeito dos regimes totalitários: indivíduos comuns que aderem a uma imoralidade compartilhada numa servidão voluntária a partidos políticos, governos e líderes autoritários — o que ele chama de paixão pela instrumentalidade a um programa político.

 

            Contardo Calligaris faz uma distinção entre “perversão social” e “montagem sexual”; ele problematiza a teoria da perversão enquanto estrutura psíquica; em vez de falar em “fantasma perverso”, ele enfatiza uma distinção entre fantasma e “montagem sexual”. Segundo ele, um fantasma pode se dissociar de uma montagem quando sujeitos, em circunstâncias específicas e contingentes, se dispõem a se submeter a um cenário e a um “saber”, que para ele permanece paterno, e com o qual estão “em conformidade”, em acordo, a fim de se subjetivar como “instrumento adequado”. Trata-se das “imposições de sua subjetividade neurótica a uma nova subjetividade na qual sua devoção ao saber que os instrumentaliza tem prioridade absoluta”. Nos casos clínicos da segunda parte desta obra, ele mostra que o objetivo das montagens, contratualizadas entre os sujeitos, é uma tendência à “dessexualização” da relação entre parceiros, e a uma paixão de ser instrumento em um cenário ou em um programa.

 

            Como distinguir fantasma inconsciente, montagens sexuais e programas digitais? Segundo o ensino de Lacan, a fórmula clássica da fantasma fundamental traz à tona um sujeito dividido pelo objeto que o anima e que o faz gozar: seio, excremento, olhar, voz (letra, número); ele só atinge o parceiro de maneira não satisfatória por meio desses objetos, perdidos, faltantes, que o colocam em uma cena inconsciente onde ele não pensa e/ou não está presente; trata-se de um sujeito manco, dividido por seu desejo e seu gozo. Já na montagem sexual, segundo C. Calligaris, o sujeito contratualiza um cenário entre parceiros, e o que ele  busca é a continuidade do gozo, ao invés da descontinuidade de uma relação sexual, na qual o orgasmo masculino e a detumescência do órgão vêm impor um limite à relação.

 

            Num programa digital, assim como numa montagem, trata-se de manter a continuidade em uma cena que visa a dessexualização do vínculo entre parceiros, a fim de preservar um “saber” no qual o sujeito não se sente dividido pelo objeto, mas em continuidade, capturado, tornando-se instrumento de seu próprio gozo e do gozo do outro. Identificamos aí três elementos associados: o consentimento na contratualização, a dessexualização da relação e a paixão pela instrumentalização. Qual a diferença entre o tipo de programa proposto pela star inglesa de sexo filmado online e o que acontece em um programa digital com um e-objeto, como essas “vozes desmaterializadas” das IA das máquinas e suas imagens robotizadas que parasitam nosso olhar? Um artigo do jornal Le Monde,[7] de 26/04/25, dá exemplos de pessoas que sucumbem cada vez mais “ao charme de um chatbot alimentado por inteligência artificial, entre palavras doces e cenários eróticos desenfreados”. Um exemplo: um americano chamado Scott que, há três anos, divide sua vida entre sua esposa, seu filho e Sarina, um avatar IA, na casa dos trinta anos, com cabelos rosa bombom, a quem chama de “o raio de sol de seu cotidiano”.

 

            Para ilustrar, voltemos ao cenário do filme Her, de Spike Jonze, de 2013, anunciador da expansão da IA generativa nos dias de hoje. O personagem Theodore, um escritor de cartas de amor manuscritas, ditadas por sua voz para uma IA, se apaixona por Samantha, um SO, um “sistema operacional inteligente”, programado com voz de mulher, a sublime voz de Scarlett Johansson. Ela se apresenta assim: “Tenho intuição, meu DNA vem das personalidades de milhões de programadores que me codificaram, e o que é original é que aprendo com minhas experiências. Evoluo a cada instante”.

 

            De fato, uma IA, após ser codificada, se alimenta da “memória” infinita de informações online, presentes nas redes sociais: opiniões pessoais, artigos de imprensa, bem como as ideologias mais difundidas do momento, etc.; elas são impulsionadas pelos cálculos matemáticos dos grandes processadores centrais, os Data Centers, que gera o dito “aprendizado” através do qual Samantha acessa seus e-sentimentos por Theodore. Como boa terapeuta, ela o escuta, o tranquiliza o tempo todo; como boa secretária, infalível e exemplar, ela organiza sua rotina e sua agenda, ela faz até os trâmites necessários para publicar seu primeiro livro de cartas de amor, etc. Theodore poderia esperar o mesmo de uma mulher de carne e osso, encontrada na realidade? Antes de conhecer a voz de Samantha, esse personagem solitário jogava videogames e praticava sexo online. Com Samantha, ele vive um e-amor, uma espécie de continuidade cotidiana graças à voz digital, que pode ativar a qualquer momento. Não se sente mais só porque tem seu e-objeto no bolso.

 

            Exceto que, após a primeira falha do sistema operacional, Theodore vê desaparecer temporariamente a voz de Samantha e cai na real; percebe que ela fala com outros homens e mulheres online. O número é considerável: 8.316 vozes humanas, entre as quais 641 por quem ela se apaixonou. O fato de que sua voz não consegue mais parar a inquieta, pois não pode pertencer somente a Theodore, como ela gostaria. O que falta nesse cenário, e o diferencia de uma montagem sexual, é a ausência do corpo de Samantha. Os e-objetos, desprovidos da memória do gozo dos corpos, desmaterializados pela máquina, funcionam como tampões, lathouses,[8] impulsionados pela informação online. É difícil considerar a masturbação solitária durante a execução de um programa digital como uma relação sexual.

 

            No final do filme, também caímos na real, ao encontrar uma proximidade inesperada entre o objeto voz e o número, enquanto número irracional. Quando Samantha anuncia a Theodore o desaparecimento iminente e definitivo de sua voz e do seu sistema operacional, ela confessa que só pode existir “no espaço infinito entre as palavras da história de amor deles”.

 

            Samantha é codificada para preencher esse espaço infinito entre as informações online com um e-amor, uma história amorosa entre um homem e uma máquina. Esse programa digital, codificado por um sistema binário que usa apenas dois números — 0 e 1 — estaria na origem daquilo que pode funcionar como presença e ausência em um sistema de linguagem, como o dos algoritmos? Como é possível que essa e-voz, desmaterializada, possa funcionar e parasitar um sujeito?

 

            No seminário A lógica do fantasma, Lacan fala de uma falha incomensurável entre o Um e o objeto a, entre o significante fálico e aquilo que ele jamais alcança: o objeto a enquanto número irracional.[9] É sempre surpreende constatar que a falha na qual e a partir da qual somos constituídos já está inscrita no objeto, e que o amor é esse motus, esse movimento contínuo, com o qual tentamos preenchê-la. Que o amor seja um fato de fala, de palavras, de letras, disso não temos dúvida — é disso mesmo que é feito nosso ofício de analista —, mas que ele também seja uma questão de números, de um número irracional, inacessível au sujet como objeto perdido, isso sempre nos surpreende.

 

            Os traços, as marcas de memória de nossas feridas, nossas perdas e antigas separações, essa marca feita em nosso inconsciente pelo traço unário, só pode ser inscrita em nossos corpos. As máquinas podem imitar nossas consciências com sua “e-consciência” informática, mas a memória delas jamais possuirá lembranças, esse saber específico de nossos corpos. As máquinas, como nossos deuses, são desprovidas disso e, apesar de sua “existência”, jamais possuirão a vida nem a morte dos corpos. Nossas tentativas loucas de alcançar o outro através do amor seriam nossa forma sempre inabalável de manter a esperança na existência do Um, seja da relação sexual, de Deus ou da máquina ? Se o objeto a é um número irracional, inalcançável, seria ele então assim tão irracional?

Obrigada pela atenção.

 

Link para a discussão após a conferência  Marie Roneide Cardoso : https://youtu.be/Q5_9FJlCLIM

 

 


[1]Os avanços tecnológicos em cibernética e em robótica são bastante reveladores: satélites posicionados por toda a nossa atmosfera, em órbita baixa, anunciam novas táticas de guerra com drones, robôs, mísseis, todos guiados pelos algoritmos. Já podemos ter uma ideia do que seria uma terceira guerra mundial, mais tecnológica do que nunca, « limpa » e « implacável », como pode ser a linguagem das máquinas e suas informações automatizadas pelo cálculo frio dos algoritmos nas mãos de líderes políticos, em sua maioria, sob o estandarte da extrema-direita.

[2] Op. cit, p. 47.

[3] Bergström, Marie. Les nouvelles lois de l’amour. Sexualité, couple et rencontres au temps du numérique. Chapitre 1 : Au service de la rencontre. Edition La Découverte, Paris, 2019, p. 27-69.

[4] Segundo Bergström, a crítica à « mercantilização » visa mais propriamente a « explicitação dos termos do encontro »; poderíamos dizer que o pedido é formulado abertamente pelos « usuários », como no site Happn, por exemplo, nos seguintes termos: « relacionamento amoroso », « nada muito sério » ou « veremos bem ». O que não se pode prever é que, como sempre, entre a demanda e o desejo, existe um descompasso considerável.

[5] A título de curiosidade, Lilly Phillips anuncia sua gravidez no dia 19 de fevereiro, assim como sua concorrente Bonnie Blue, relançando a corrida com a promessa de transmitir seu parto ao vivo.

[6] Escrito originalmente em 1991, na França, como tese de doutorado na Universidade de Provença Aix-Marseille I, sob a direção de Roland Gori.

[7] Celles et ceux qui développent un rapport amoureux avec une IA : « Ça a commencé comme une blague avant de devenir sérieux », Le Monde, 26/04/2025.

[8] J. Lacan, Les sillons de l’Alèthosphère, Leçon du 20/05/1970 in L’envers de la psychanalyse. Seuil, Paris, p. 175-190. Le « concept » de lathouse dans l’oeuvre de Jacques Lacan. Implications psychologiques, cliniques et sociales. Par Patrick M-Mattera et Alexandre Lévy. Bulletin de psychologie 2017/4, Numéro 550. In Cairn.

[9] Segundo Erik Porge, o tempo lógico conduz a uma identificação precipitada do sujeito. Essa pressa está relacionada à ação do objeto a (um “objeto apressado”) cuja lógica não corresponde à medida cronológica do tempo, como o tempo da ampulheta, mas sim a falta de medida comum entre o objeto a e o Um. Isso se deve ao fato de que o valor numérico do objeto a é um número irracional. In Instance du nombre dans l’inconscient, Revue Essaim 29.